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sábado, 24 de setembro de 2022

Condomínio: silêncio nas assembleias aumenta prejuízos


Falta de interesse faz prevalecer decisões ilógicas

Por Kênio Pereira

22 de setembro de 2022

A convivência e a tomada de decisões consistem num desafio nos condomínios, pois envolvem dezenas de pessoas com pontos de vista e interesses diferentes, o que acaba gerando milhares de processos judiciais. Contudo, uma parte deles poderia ser evitada.

Em muitos casos, é espantosa a postura do condomínio em motivar o conflito, pois bastaria que a assembleia deliberasse com racionalidade e bom senso para que uma aventura jurídica que prejudicou a coletividade condominial com o pagamento das elevadas despesas judiciais, fosse evitada.

 Para evitar desgaste, pessoas deixam de ir às assembleias de condomínio

A experiência adquirida em mais de 32 anos de advocacia, dos quais 12 anos como presidente da Comissão de Direito Imobiliário da OAB-MG, me fizeram compreender alguns tipos de comportamento, que relato neste artigo com o objetivo de alertar as pessoas para que se interessem mais pelos assuntos que são decididos nas assembleias. Sabemos que a grande maioria das pessoas é honesta e age com ética e respeito, mas outras procuram evitar problemas e, para não se desgastarem, deixam de ir às assembleias.

 

Em razão do pequeno volume de participantes nas assembleias e do desinteresse em tratar dos assuntos do condomínio, alguns temas passam a ser conduzidos por pequenos grupos que, às vezes, agem de forma abusiva e desonesta, já que se recusam a cumprir as obrigações legais.

 

Como exemplo, citamos a negativa de consertar o telhado do prédio e indenizar os danos causados pela infiltração; a recusa de indenizar os reparos do carro que foi danificado pelo portão ou pela goteira da laje; a recusa em estabelecer um rateio de despesas justo; a divisão ou uso irregular da garagem; o desvio de verbas; a aprovação irregular de instalação de antena de telefonia; a aplicação abusiva de multas; a omissão sobre o dever de repreender condutas antissociais, dentre outros.

Algumas decisões negam o óbvio

Obviamente, o certo e o errado existem, sendo dever de todos optar pelo que é correto e digno. Mas, de forma incrível, nos depararmos com decisões de assembleias que negam o óbvio, como a recusa de pagar pelos móveis danificados pela infiltração decorrente do telhado, da fachada ou da prumada do edifício. Com isso, o que se constata é que pelo menos 20% dos processos judiciais deixariam de existir se as pessoas sensatas efetivamente se manifestassem na assembleia contra um ou outro mal-intencionado, que grita para fazer valer sua pretensão de levar vantagem ou de lesar o vizinho. 

As pessoas éticas e conscientes não podem se omitir, nem ter receio de confrontar aquele que luta para impedir que uma decisão justa seja tomada. É comum que o mal-intencionado tente impedir que alguém esclareça o caso, dizendo que não interessa o que o outro tem a falar, e esbravejando: “Vamos para a Justiça!”. Estes agem assim, pois sabem que o prejuízo que estão causando será dividido entre todos, inclusive com os inocentes e com os que se calaram.

 

Com isso, entendemos o que Martin Luther King disse: “O que preocupa não é o grito dos maus, mas o silêncio dos bons”.


Disponível em https://www.otempo.com.br/opiniao/kenio-pereira/condominio-silencio-nas-assembleias-aumenta-prejuizos-1.2737336. Acesso em 23 set 2022